Epicurismo
O epicurismo é o sistema filosófico que prega a procura dos prazeres moderados para atingir um estado de tranquilidade e de ausência de medo (ataraxia) junto da ausência de sofrimento corporal (aponia), pelo conhecimento do funcionamento do mundo e do estabelecimento de limites para os desejos. A combinação desses dois estados constituiria a felicidade na sua forma mais elevada.
Epicuro de Samos, filósofo ateniense do século IV a.C., era um materialista atomista, seguindo os passos de Demócrito, combatendo as superstições e as ideias de intervenção divina. O epicurismo foi inicialmente um contraposto ao platonismo. Mais tarde, seu principal oponente passaria a ser o estoicismo. Embora o epicurismo seja uma forma de hedonismo, na medida em que declara o prazer como seu único objetivo intrínseco, o conceito de que o maior prazer é a ausência de dor e medo, e a defesa de uma vida simples, tornam o Epicurismo muito diferente do que é o entendimento comum de "hedonismo". Epicuro e seus seguidores geralmente se afastavam da política porque isso poderia levar a frustrações e ambições que entrariam em conflito com sua busca pela virtude e paz de espírito.
Ao contrário do objetivo Epicurista, os desejos exacerbados podem ser fonte de perturbações constantes, dificultando o encontro da felicidade que é manter a saúde do corpo e a serenidade do espírito. Segundo Epicuro, para ser feliz seria necessário controlar os nossos medos e desejos de maneira que o estado de prazer seja estável e equilibrado, com um consequente estado de tranquilidade e de ausência de perturbação.
Epicuro também é conhecido como o Filósofo do Jardim, como ficou conhecida a escola por ele fundada em Atenas, que consistia numa comunidade de amigos e seguidores. Lá escreveu mais de 300 trabalhos, dos quais nenhum sobreviveu; deles restam apenas notícias de discípulos ou fragmentos. Sua filosofia é de cunho materialista, não havendo espaço para a imortalidade.
A finalidade da filosofia de Epicuro não era teórica, mas bastante prática. Buscava sobretudo encontrar o sossego necessário para uma vida feliz e aprazível, na qual os temores perante o destino, os deuses ou a morte estavam definitivamente eliminados. Para isso, fundamentava-se em uma teoria do conhecimento empirista, em uma física atomista e na ética.
No mundo mediterrânico antigo, a filosofia epicurista conquistou grande número de seguidores. Foi uma escola de pensamento muito proeminente por um período de sete séculos depois da morte do fundador. Posteriormente, quase relegou-se ao esquecimento devido ao início da Idade Média, período em que se perderam a maioria dos escritos deste filósofo grego.
A ideia que Epicuro tinha era a de que, para ser feliz, o homem necessitava de três coisas: liberdade, amizade e tempo para filosofar. Na Grécia Antiga, existia uma cidade na qual, em todas as paredes do mercado, se havia escrito toda a filosofia da felicidade de Epicuro, procurando conscientizar as pessoas de que comprar e possuir bens materiais não as tornariam mais felizes, como elas então acreditavam.
Alguns pontos podem ajudar a entender o conceito de epicurismo. Confira:
Felicidade como objetivo: o objetivo principal do Epicurismo é alcançar a felicidade, que Epicuro identificava com o prazer.
Prazer e dor: a filosofia epicurista distingue entre prazeres e dores. Epicuro aconselhava a busca por prazeres que levam a uma vida feliz, geralmente prazeres mentais e moderados, e a evitação da dor.
Ataraxia (tranquilidade da alma): o Epicurismo valoriza a ataraxia, um estado de tranquilidade e ausência de perturbação, alcançado através da gestão racional dos desejos e da moderação.
Autoconhecimento: o autoconhecimento é visto como crucial para entender o que verdadeiramente traz felicidade e para diferenciar desejos naturais e necessários dos desejos vãos e insaciáveis.
Amizade: a amizade é altamente valorizada no Epicurismo, sendo considerada uma das maiores fontes de prazer e um componente essencial da vida feliz.
Vida simples: Epicuro advogava uma vida simples, argumentando que necessidades básicas podem ser facilmente satisfeitas e que luxos desnecessários apenas perturbam a paz da mente.
Perspectiva sobre a morte: Epicuro famosamente disse que "a morte não é nada para nós", pois quando existimos, a morte não está presente, e quando a morte está presente, nós não existimos. Assim, não há razão para temer a morte.
Ceticismo em relação aos Deuses: enquanto Epicuro não negava a existência de deuses, ele acreditava que eles eram indiferentes aos assuntos humanos, e, portanto, não deveriam ser temidos ou considerados na busca pela felicidade.
A natureza das coisas: o Epicurismo também inclui uma teoria física, baseada nas ideias de Demócrito sobre átomos e o vazio, explicando o universo de uma maneira naturalista, sem recorrer ao sobrenatural.
Influência duradoura: apesar de sua popularidade na antiguidade, o Epicurismo foi muitas vezes mal interpretado ou criticado em períodos posteriores. No entanto, suas ideias continuam a influenciar o pensamento contemporâneo, especialmente em tópicos como a busca pela felicidade e a vida ética.
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