Percepção

A palavra percepção é comumente utilizada para explicar o que se apreende pelos sentidos ou pela mente. Pode ser utilizada como sinônimo de intuição. Ao olhar para a mesa e ver um objeto, você diz que existe um objeto em cima da mesa. Parece redundante, mas é um exercício necessário.

Na História da Filosofia existem duas tendências que concebem de maneira diferente a percepção: o Racionalismo e o Empirismo.

Os racionalistas acreditam que o conhecimento do real está entrelaçado à metafísica, sendo necessário um estudo das ideias, que já existiam ao nascer, para compreender o funcionamento do universo.

Os empiristas entendiam que para chegar ao conhecimento verdadeiro ele deveria passar pelo crivo dos sentidos, que precisam ter conhecimentos sensoriais. Para eles os seres humanos não nascem com as ideias formuladas e essas só são apreendidas no decorrer dos anos com base nas experiências.

Além do racionalismo e do empirismo, existem algumas teorias da percepção. Dentre as teorias existentes para pensar a percepção é possível falar na teoria do Realismo Perceptivo, que caracteriza-se como um ponto de vista de que os objetos percebidos têm a possibilidade de existir e normalmente existem, conservando algumas das propriedades que acharam que foram apreendidas. Assim sendo, a existência dos objetos e parte de sua natureza é independente da existência de qualquer perceptor.

Dentro do realismo perceptivo é importante falar do realismo direto ou ingênuo e do realismo indireto. Para o realismo direto, o conhecimento acontece de modo mediado, ou seja, o sujeito observa o objeto e o conhece sem mediadores. Todas as características observadas no objeto, realmente existem nele essa apreensão quase que é feita de imediato e sem erros. Por exemplo, os objetos possuem cor, gosto e cheiro independente da relação estabelecida com eles. Mesmo não apreendendo esse objeto, ele mesmo assim possuirá todas essas características. Para o realista indireto ou científico a apreensão que o sujeito realiza do objeto é mediada, pois possui um intermediário. Para, além disso, os objetos não têm características secundárias, como cor, cheiro ou gosto, pois essas particularidades são relacionais entre o sujeito e o objeto.

Distinto dessas duas teorias realistas existem o Idealismo, que pode ser classificado como um antirrealismo. Um dos representantes do idealismo foi George Berkeley (1685-1753). Seu idealismo era metafísico, pois para ele os objetos físicos são um conjunto de ideias reais. Assim, um objeto não pode existir sem ser percebido. Dito de outra forma, o objeto só é se for percebido. É possível que os objetos reapareçam depois de um tempo para a percepção, mas não podem continuar existindo caso não sejam percebidos. Um exemplo disso é que se não observou um objeto sobre a mesa é porque provavelmente ele não existiu. Contudo, os problemas aparecem quando este objeto é percebido por uma das pessoas e não por outra, tendo sua existência seletiva.

Outra ideia antirrealista é a do fenomenalismo, que pode ser considerado mais flexível que a do idealismo, pois ele oferece uma explicação do fato de que eventos perceptivos ocorrem. Para o fenomenalismo, o fato de ver os carros na garagem pela noite é porque quando abre-se a porta é perceptível que o carro estava ali o tempo inteiro, a espera de ser visto. Deste modo, para a fenomenologia, os objetos aparecem no mundo externo para que sejam vistos.